terça-feira, 20 de novembro de 2012

real e efémero







imgs. daqui




Matéria de Estrelas

 Porque é tudo para sempre, mesmo a efémera morte, 
encontrar-nos-emos eternamente
 e nunca mais nos veremos. 
O impossível volta a ser impossível. Para sempre. 

Impossível é cada manhã aberta, 
um deus sonha consigo através de nós. 
Às vezes quase posso tocá-lo, ao deus, 

surpreendê-lo no seu sono, também ele real e efémero. 

 Matéria, alma do nada, os mortos ouvem a tua música sólida 
pela primeira vez, como uma respiração de estrelas. 
A sua intranquilidade transforma-se em si mesma, música. 


 Manuel António Pina
in «Todas as Palavras — Poesia Reunida». 



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