sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

outros livros (2)



the wizard of Oz, 2007

Alice- a mad tea party,2006

" O chá dos loucos

Havia uma mesa posta debaixo de uma árvore em frente da casa, onde estavam sentados a Lebre de Março e o Chapleiro a tomar chá; um Arganaz dormia profundamente entre eles, servindo-lhes de almofada onde pousavam os cotovelos, ao mesmo tempo que falavam por cima da cabeça do bicho. « Não me parece nada confortável para o Arganaz», pensou Alice. « Mas como está a dormir, acho que não lhe faz diferença.»

A mesa era muito grande, mas os três estavam bem juntinhos a um canto.
- Já não há lugar! Não há lugar!- gritaram eles quando viram Alice aproximando-se.
- Há muitos lugares!- protestou Alice, indignada, e sentou-se num cadeirão a uma das cabeceiras da mesa."
(Lewis Carroll, As Aventuras de Alice no País das Maravilhas, Relógio D'Água)

o lustro absoluto dos "livros alterados" pela artista plástica inglesa Su Blackwell!
(mais livros aqui)

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

outros livros (1)



Jessie Chorley

"livros alterados" ou a possibilidade de transformar o objecto livro e o seu conteúdo, num trabalho artístico

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

o universo

img. Natalina Cóias


O universo não é uma ideia minha.
A minha ideia do Universo é que é uma ideia minha.
A noite não anoitece pelos meus olhos
A minha ideia da noite é que anoitece por meus olhos.
Fora de eu pensar e de haver quaisquer pensamentos
A noite anoitece concretamente
E o fulgor das estrelas existe como se tivesse peso.

Alberto Caieiro
Ficções do Interlúdio

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

a integridade



Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim, em cada lago a Lua toda
Brilha, porque alto vive.


Ricardo Reis

este é o poema com que a Fátima Inácio Gomes termina uma carta aos colegas do seu departamento, (publicada aqui) no momento de lhes comunicar a demissão do cargo de coordenadora; nestes dias que correm, triste por ver aumentar na minha escola o afã da obediência cega, permito-me contudo uma poeira de contentamento perante esta carta e este poema de exaltação da integridade.



terça-feira, 20 de janeiro de 2009

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

olhar o céu

planetas, cometas, constelações e estrelas vistos da Terra.
para acompanhar, com poesia e humor, o Ano Internacional da Astronomia



BURACOS NEGROS


As estrelas também gostam de brincar

às escondidas

A maioria das vezes escondem-se umas atrás das outras

ou nas imediações de um quasar

Mas não há melhor lugar

para uma estrela se esconder

que num buraco negro

Elas vêm as outras

e ninguém as consegue ver
(Pó de Estrelas, Jorge Sousa Braga, ilust. Cristina Valadas, Assírio e Alvim)

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

bravura. eh, eh!

(a propósito da leitura na aula de um excerto da autobiografia de Charlie Chaplin, o Gonçalo pediu-me que lhe mostrasse quem era o Charlot)

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

livros digitais

Só hoje tive tempo para espiolhar com atenção a nova Biblioteca de Livros Digitais para crianças e jovens, inaugurada no passado dia 18 de Dezembro. São ainda poucos os títulos disponíveis (9), mas há notícia de que durante o próximo semestre serão publicados mais 35.
Para folhear, ler, ouvir ler ou olhar, escolho estes dois:

(clica na img.)

Uma flor chamada Maria

texto de Alves Redol

ilustração de José Miguel Ribeiro



(clica na img.)

Fala Bicho
texto de Violeta Vigueiredo
ilustração de Danuta Wojciechowska

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

sábado, 3 de janeiro de 2009

as palavras



O LIMPA PALAVRAS



Limpo palavras.


Recolho-as à noite, por todo o lado:
a palavra bosque, a palavra casa, a palavra flor.
Trato delas durante o dia
enquanto sonho acordado.
A palavra solidão faz-me companhia.



Quase todas as palavras
precisam de ser limpas e acariciadas:
a palavra céu, a palavra nuvem, a palavra mar.
Algumas têm mesmo de ser lavadas,
é preciso raspar-lhes a sujidade dos dias
e do mau uso.


Muitas chegam doentes,
outras simplesmente gastas, estafadas,
dobradas pelo peso das coisas
que trazem às costas.


A palavra pedra pesa como uma pedra.
A palavra rosa espalha o perfume no ar.
A palavra árvore tem folhas, ramos altos.


Podes descansar à sombra dela.
A palavra gato espeta as unhas no tapete.
A palavra pássaro abre as asas para voar.
A palavra coração não pára de bater.
Ouve-se a palavra canção.
A palavra vento levanta os pápeis no ar
e é preciso fechá-la na arrecadação.


No fim de tudo voltam os olhos para a luz
e vão para longe,
leves palavras voadoras
sem nada que as prenda à terra,
outras vezes nascidas pela minha mão:
a palavra estrela, a palavra ilha, a palavra pão.


A palavra obrigado agradece-me.
As outras, não.
As outras já lá vão, belas palavras lisas
e lavadas como seixos do rio:
a palavra ciúme, a palavra raiva, a palavra frio.


Vão à procura de quem as queira dizer,
de mais palavras e de novos sentidos.
Basta estenderes um braço para apanhares
a palavra barco ou a palavra amor.


Limpo palavras.
A palavra búzio, a palavra lua, a palavra palavra.
Recolho-as à noite, trato delas durante o dia.
A palavra fogão cozinha o meu jantar.
A palavra brisa refresca-me.

A palavra solidão faz-me companhia.


Álvaro Magalhães, O limpa-palavras e outros poemas, Asa