em Lisboa, nas próximas semanas, acrescentam-se motivos para passear por aqui: a sombra está enfeitada com versos, há filmes para ver ou rever enquanto as rãs mergulham por perto e a música poderá ser inesperada. é o futuro já aqui.
Próximo Futuro é um programa Gulbenkian de Cultura Contemporânea dedicado em particular, mas não exclusivamente, à investigação e criação na Europa, na América Latina e Caraíbas e em África. O seu calendário de realização é do Verão de 2009 ao fim de 2011.
"(...) O Mundo está diferente e isso implica uma responsabilidade maior para os que nele têm capacidade de intervenção. Há uma personagem de “À Espera dos Bárbaros”, de J.M. Coetze, que diz «Há qualquer coisa a meter-se-me pelos olhos dentro e ainda não consegui ver o que é». Mesmo assim, ou por isso mesmo, é fundamental estar disponível para o que vem, na sua estranheza e na sua imprevisibilidade, e as crises são momentos cruciais para a intervenção que modifica, altera, recoloca as questões centrais. Foi graças a este espírito que os estudos pós-coloniais – hoje já alojados nas universidades e já sem a carga de algum panfletarismo que, necessariamente, tiveram no seu início - que nós europeus nos redescobrimos, na construção de outras narrativas mais justas sobre a história e, sobretudo, na possibilidade que nos é agora dada de beneficiar da memória e da conciliação. E aqui a importância das novas narrativas – que no caso dos países da América Latina e Caraíbas já começaram há mais tempo e que, no caso de África e em alguns países de Oriente, são mais recentes – é fulcral para agir no futuro próximo. De uma forma geral, e mesmo em situações conturbadas, estas novas narrativas surgidas das independências transportam com elas uma energia e uma vitalidade raras. São elaboradas por populações e criadores de países à procura de construírem novas identidades e, com elas, novas formas de representarem e viverem o mundo. Não são países perfeitos, nem paradisíacos. Em muitos deles há guerra, corrupção, racismo e xenofobia, mesmo entre africanos, ou ressentimentos, entre povos latino-americanos. Mas, que sabemos nós das suas realidades e das suas razões para os julgarmos tão apressadamente, como é regra geral? Sabemos pouco e é fulcral sabermos muito mais(...)"
(o texto completo pode ser lido aqui . calendário aqui . imagens copiadas do blog)
António Pinto Ribeiro
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