sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

a vida resiste, e anda, e dura







Não digo do Natal – digo da nata
do tempo que se coalha com o frio
e nos fica branquíssima e exacta
nas mãos que não sabem de que cio

nasceu esta semente; mas que invade
esses tempos relíquidos e pardos
e faz assim que o coração se agrade
de terrenos de pedras e de cardos

por dezembros cobertos. Só então
é que descobre dias de brancura
esta nova pupila, outra visão,

e as cores da terra são feroz loucura
moídas numa só, e feitas pão
com que a vida resiste, e anda, e dura.


Pedro Tamen 
(img. Abbas Kiarostami)

4 comentários:

Anónimo disse...

Ora aí está! A imagem é muito boa. O texto também. Bom Ano Leonor.

leonor disse...

obrigada João. Dias bons também para ti.

sem-se-ver disse...

cara Leonor,
e um Bom Natal para si.
Ainda venho a tempo, não venho? :)
abraço

Anónimo disse...

é a nostalgia, para não dizer saudade, de tempos idos..